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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

havia uma certeza, o dia era hoje! dez dias passaram e a certeza se desfez em qualquer coisa de distância desatenta.
ela sabia qualquer coisa importante e não quis me ensinar, achou que eu não aprenderia... não sabia ela que assim eu teria que perguntar, perguntar, perguntar! entretanto, ela sabia, as respostas são poucas e mesmo assim costumam se desfazer, tal água, pra chover noutro lugar... acho que ela estava certa!
o final de ano está recheado de palavras ditas, escritas, pensadas, caladas!
o certo é que, lá dentro, onde as imagens e as palavras começam a sumir, há um certo desespero tardio e incômodo, mas ainda há beleza!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Augusta, graças a deus,
Graças a deus,
Entre você e a angélica
Eu encontrei a consolação
Que veio olhar por mim
E me deu a mão. (...)

Quando eu vi
Que o largo dos aflitos
Não era bastante largo
Pra caber minha aflição,
Eu fui morar na estação da luz,
Porque estava tudo escuro
Dentro do meu coração.
( Augusta, Angélica e Consolação)

...faço minhas as palavras de Tom Zé.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

a influência inalterada

"O povo não conhecia a existência dos grandes governantes antigos.
Depois vieram aqueles que o povo amava e honrava; a seguir surgiu o medo e, por fim, o desprezo popular aos que se intitulavam governantes.
Quando a confiança é limitada, não há confiança alguma.
Como pareciam irresolutos os governantes de ontem, ao mostrar nas reticências a pouca importância das palavras!
As obras meritórias multiplicavam-se, os negócios prosperavam. E as famílias afirmavam em coro: graças a nós é que as coisas estão perfeitas!"
(Lao Tsé - Tao Té Ching)

domingo, 29 de agosto de 2010


...é preciso avisar: os olhos estão abertos e junto com eles estão os sentidos guardados enquanto fechados, quando aguardavam o momento.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

...a dor do outro quando dói na gente é a dor da gente fragmentada e outrora guardada lá dentro, na memória!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

agosto!

...meu coração hoje é o que é e mais um pouco de vento... forte vento... ssshhh, silêncio e mesmo assim não é! Como se mais ninguém houvesse ou estivesse, vento por entre os cabelos e roupas... segura a bolsa! É saudade, sorriso, abraço, gentileza, frio, caminho, tranqüilidade e mesmo assim não é. Música!
...era cedo ainda quando saí, no caminho normal e mesmo assim sempre diferente, foi ele (o vento) que me trouxe a música, há tempos não ouvia, cantarolei aos poucos e repetia "eu só acredito em vento que assanha cabeleira,quebra portas e vidraças e derruba prateleiras, se fizer um assovio esquisito na descida da ladeira" e dali por diante: "eu só acredito em chuva, se molhar minha cadeira de palhinha na varanda, minha espreguiçadeira, se fizer poça na rua acredito nessa chuva de peneira. Eu só acredito em lama se for escorregadeira como casca de banana, tobogã de fim de feira...".

Então, enquanto cantava, fecharam a rua, queimaram pneus e fizeram manifestação; a moça mal humorada me deu a bolsa pra segurar; o senhor de cabelos brancos cedeu o lugar pra mulher grávida e eu pra ele; a enfermeira atendeu o bebê na emergência porque era particular; fiz os exames para satisfazer a médica; alguns esqueceram da reunião e eu gostei, ganhei mais tempo; a chuva passou rápida e as minhas pastas digitais estão cheias de lixo dos outros!

Mas, então o disco todo foi colocado pra tocar: Vivo! é do Alceu, é um dos preferidos!

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Ventos de agosto


Desde Recife até São José da Coroa Grande, hoje o sol estava gostoso, brilhante emoldurado por uma brisa insistente. De frente à praia olhei o mar, o tom era esverdeado, no céu poucas nuvens... estiquei os braços e fechei os olhos um momento, enquanto aguardava os outros.

Agosto de ventos intensos a levar a poeira dos dias frios do inverno. Por aqui as chuvas começam a diminuir enquanto as notícias, doutros lugares, são de seca e queimadas intensas, como não se via há mais de 10, 20, 50, 80 anos.

Solto os cabelos diante dos uivos e sussurros que levantam roupas, sacodem os varais e trazem à tona o guardado outrora. Num instante lembro os dias passados na semana: madrugadas tomadas de pensamentos; pés calçados em meias brancas; tardes a precipitar-me diante do balanço das folhas e, quase sem querer, a sorrir diante dos olhares incompreensíveis enquanto caminhava entre os casarios antigos, pontes, margens do rio ou da praia e segurava as roupas e pés quase arrancados do chão.

Hoje cedo, enquanto colocávamos as rabiolas e tentávamos segurar as palavras soltas como pipas durante a reunião, eles, os pescadores, falavam e buscavam uma data para o próximo encontro. Argumentavam sobre o melhor dia e com certeza 12 de setembro não daria porque é preciso esperar 30 dias após o lançamento do edital, e, acima de tudo, aquele“será de noite escura”!

A melhor semana seria a que inicia dia 19, quando a lua estará entre crescente e cheia. Bom para eles é noite clara, quando não saem ao mar de fora para buscar os peixes. Por outro lado, isso não impede o trabalho dos que capturam lagostas, mas é certo que “a maioria estará em terra”. Entretanto, a lua cheia anunciará o início da primavera e então os ventos terão diminuído, as águas estarão mais calmas, o barro arrastado na enxurrada do rio estará mais assentado, é propício à pesca . Nova temporada.

Eu, lá sentada, a pensar manusear o carretel, na verdade a mercê daquela discussão, a observar o fluxo, o fluir das decisões sinceramente construídas. Até então, não lembrava da mudança de estações, mas desde já aguardo o florir que me anseia enquanto encaixoto, mais uma vez, a mudança.

terça-feira, 6 de julho de 2010

...

"Se não há coragem, que não se entre. Que se espere o resto da escuridão diante do silêncio, só os pés molhados pela espuma de algo que se espraia de dentro de nós. Que se espere. Um insolúvel pelo outro. Um ao lado do outro, duas coisas que não vêem na escuridão. Que se espere. Não o fim do silêncio mas o auxílio bendito de um terceiro elemento: a luz da aurora". (Clarice Lispector - Uma aprendizagem ou O Livro dos Prazeres)

sábado, 22 de maio de 2010

Ah, sentimento inesperado, e mesmo assim constante, é este a pulsar num misto de busca intensa e insatisfação. Conformação, conclamo método!

Ai de mim se vir a confundir resignação com submissão, modo algum há em entrelaçar esses dois momentos do sentir, por vezes inóspitos e por vezes cegos.

Ah, vontade! Quem dera seus três minutos fossem reais e os instantes fossem passageiros e não renitentes no pensamento.

Ai de mim se confirmo dentro do meu sentimento residir, a qualquer coisa de proposital, um passarinho sem ninho e indiferente ao meu próprio cantar.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Jacinto

"Cantador cante um tema de amor que eu preciso matar minha dor..." O disco está bonito, bem vermelho, mas o mote visual é a feira de Caruaru, gosto! É homenagem ao Jacinto Silva, com a participação de diversos musicos e há pouco foi lançado, bacana!