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segunda-feira, 15 de abril de 2013



Um momento diante do pôr do sol

Nada de tão especial no jardim, mas toda a simplicidade das plantas que se misturam aos matos, capim e pequenas estátuas colocadas sobre pedaços de paus. Há uma espécie de passarela disposta na entrada. Uma a uma as flores feitas de cimento foram colocadas para comportar o passo de quem entra, mas bem perto da varanda duas estão emparelhadas.

Ao longe é possível avistar uma menina que brinca sozinha. Aparenta nove anos de idade, veste uma camiseta branca com listras cor-de-rosa, colocada por dentro da saia também cor-de-rosa. Perto dá para perceber que ela está descalça e enquanto saltita, anda e pula de um lado para outro ao redor da varanda, conversa com os próprios pensamentos e lembranças. Ela espera a mãe terminar o trabalho de ajudar as pessoas dali com os afazeres domésticos. A pele morena, os cabelos pretos, os olhos insistentes perguntam algo a quem passa, sem que qualquer coisa seja dita. Franze a testa com o tom sério das aparências.

Sozinha, ela pula da varanda com os pés afastados e apoiados sobre as flores de cimento emparelhadas, uma pequena pausa é acompanhada da cantiga balbuciada sem pretensão. Dobra uma das pernas e sai saltitando em um pé só sobre a passarela, no final dá um grande salto, cai com os dois pés na última flor, pula de novo, se vira, volta e repete, mais uma vez e mais uma vez. Em um pequeno instante sinto, também sou ela.

É final da tarde, ao longe as pessoas conversam, caminham e se preparam para voltar às suas casas, arrumar as coisas, se preparar para mais um dia seguinte. Ela espera a mãe. A tarde mistura a cor alaranjada do poente com o crescente e intenso azul do entardecer.