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terça-feira, 27 de setembro de 2011

“…Cosme e Damião chegou, Cosme e Damião chegou...”

No bairro antigo de Maceió, após circular entre ruas e vielas desconhecidas, em grande engarrafamento, eis que aparece um lugar diferente, ainda não visto. A grande árvore do lugar é a primeira a chamar a atenção, com folhagem farta - sem poda, e grande quantidade de cipós a ‘escorrer’ na direção do chão. Por um instante a confusão não existe. A moça canta qualquer coisa no som do carro e os moradores do lugar assistem, nas portas e janelas das pequenas casas, ao vai e vem. O ambiente parece perdido em algum retrato não feito. Ali, a lembrança: a beleza está ao redor... sim, tem lixo, tem gente estranha, falta um bocado de palavras... mas, ainda há beleza logo ali!

Ao que parece é diferente.

Adiante a volta à rua pretendida. Na esquina a pequena faixa de listras amarelas e alguns policiais indicam confusão. Sobre o trilho duas partes de um velho trem. Muita gente aglomerada. Uns falam, outros choram, outros comentam a situação, muitos indicam as melhores formas de resolver o problema. O taxista parou sobre os trilhos, não pretendia esperar o fluxo lento do excesso de carros.  No final trágico da pressa, a passageira morreu.

Cedo ainda no dia festivo de Cosme.

Bem perto dali, o vendedor de bananas, sentado quase dentro do grande cesto que outrora serviu para carregar a mercadoria, observava com ombros caídos e certo olhar de normalidade a situação. Os curiosos, por toda a parte. Ambulantes a se perguntar sobre o melhor ponto para vender naquela situação, eles oferecem os produtos diversos: água, doces, salgados, bijuterias, frutas, peixes, sururu e temperos.  Duas senhoras com lenços na cabeça esbravejam sobre quem seriam os culpados. Animais aproveitam a movimentação e algumas migalhas jogadas no chão. Há colorido e há chuva. O riacho está cheio, mas as águas há muito servem de depósito dos mais diferentes descontentamentos. Motociclistas se aglomeram, tentam convencer o guarda que podem passar sem problemas, inclusive sobre o local do acidente, eles também têm pressa.

Há pouco o apito do trem tocou, voltou a circular.

Irmanar na diversidade, com o atraso provável no trabalho, esse é o desafio. Era cedo ainda quando os dois, Cosme e Damião, apareceram. Assim, sem querer, nas lembranças e na vontade de querer crescer, colorir, rodar e ser mais amor.

Água pra lavar, pipoca pra brincar e doce pra alegrar.